sábado, 15 de setembro de 2012

O PSD E A SOCIAL DEMOCRACIA

O dia 15 de Setembro de 2012 foi o dia marcado por mais um aniversário do meu pai mas, acima de tudo, pela gigantesca manifestação de Portuguesas e Portugueses que saíram à rua em protesto relativamente ao (des)governo do nosso país. Não sou ingénuo ao ponto de culpabilizar, apenas, Pedro Passos Coelho pelo estado em que Portugal hoje se encontra. Culpo-o a ele e a todos quantos governaram esta nação desde que somos democracia (1974). Culpo também as oposições ocas, bacocas e vazias, cada vez menos mobilizadoras e cada vez mais inaudíveis que o Parlamento tem tido desde então. Relembro, a este propósito, que uma manifestação promovida por um grupo de pessoas numa rede social, causou um efeito maior e um impacto mais visível que tantas outras organizadas por CGTP's e UGT's nos últimos anos. Sou, como muitos no meu país, um SOCIAL DEMOCRATA revoltado e desiludido. Não fui JSD apenas porque era “fixe” andar com uma malta que ia dar umas voltas com uns políticos, ou colar uns cartazes e participar numas festas. Quando me tornei militante fiz tudo isto, obviamente, mas consciente dos princípios que levaram Sá Carneiro (que morreu ainda era eu muito criança) a criar um partido diferente, na sua génese, nos seus princípios, crente da importância de um país forte economicamente, europeísta, mas com um enorme sentido do que é o social, com uma veia absolutamente humanista. ESSE PAÍS HOJE NÃO EXISTE! Aprendi muito na JSD, com a JSD. Ganhei imensos amigos e percebi também, nessa altura uma lição que me ficou para toda a vida: “Nos outros partidos temos adversários; é no nosso que temos inimigos”. Sonhava e acreditava que o meu partido haveria de colocar em prática tudo aquilo que o definia e que estava patente nas 3 setas que compõem o logótipo do PPD/PSD Liberdade Igualdade e justiça social Solidariedade Quando em 1976, ano em que nasci, o PPD passou a Partido Social Democrata, os estatutos do Partido passaram a consagrar um conjunto de ideias e princípios fundamentais, nos quais me revejo profundamente e que foram totalmente esquecidos nos últimos anos e principalmente na liderança de Pedro Passos Coelho (e como me orgulhei do PPC da JSD que não temia aqueles que estavam acima de si porque falava e atuava com a a única motivação de fazer o que era correto, o que ia de encontro às necessidades da juventude do seu tempo). Hoje sinto-me defraudado, como tantos militantes do meu partido e como a esmagadora maioria dos portuguesas, por várias ordens de razão (como diria Pacheco Pereira): 1 - O PSD defendia “A justiça e a solidariedade social, preocupações permanentes na edificação de uma sociedade mais livre, justa e humana, associadas à superação das desigualdades de oportunidades e dos desequilíbrios a nível pessoal e regional e à garantia dos direitos económicos, sociais e culturais”. Convenhamos que até dá vontade de rir (ou de chorar) ver a diferença entre o que consagram os estatutos e aquilo que o seu Governo anuncia (agora antes de jogos da Seleção Nacional). 2 – O PSD acreditava n’”O Princípio do Estado de Direito, respeitante da eminente dignidade da pessoa humana - fundamento de toda a ordem jurídica baseado na nossa convicção de que o Estado deve estar ao serviço da pessoa e não a pessoa ao serviço do Estado”. Onde é que está a dignidade de pensionistas que vêm reformas cortadas, funcionários que pagam cada vez mais impostos, técnicos altamente qualificados que têm (literalmente) que pagar para trabalhar, que trabalham para sobreviver enquanto vêm o dinheiro dos seus impostos ser distribuído ano a pós ano, década após década, a subsídio-dependentes, a pedintes profissionais, a gente que nunca descontou e sempre viveu de esquemas, alguns deles vigaristas e outsiders da nossa sociedade e a quem são oferecidas casas, mercearia, escola grátis, refeições escolares, etc? 3 – Esta é das minhas favoritas “O pluralismo das ideias e correntes políticas, cuja garantia de livre expressão constitui pressuposto indispensável ao gozo dos direitos e liberdades fundamentais de todo o cidadão”. Só se for fora do partido e da esfera política! Qual garantia de livre expressão? E quais as consequências da liberdade de expressão? E nessa liberdade onde entra a “lei da Rolha”??? SEJAMOS SÉRIOS! E neste capítulo, o da seriedade e credibilidade, obrigado por em nada serem diferentes, em nada quererem mudar o estado das coisas. O País até “celebra” a austeridade desde que sinta que há JUSTIÇA! Tenha coragem, mude, arroje, faça o que os outros são incapazes de fazer porque não são Homens, são parasitas. Mude as leis: Prenda os Varas, os Loureiros, os Sócrates, toda essa corja que denigre o País, que torna asquerosa a mais nobre arte, ciência, profissão do mundo, A POLÍTICA! Reduza o número de “cheira cuecas”, vermes, comedores e inaptos na Assembleia da República e trabalhe com poucos (de todos os partidos), mas dos bons (que os há, não são felizmente todos iguais). Não queira que eu emigre quando tenho tanto para dar ao meu País, mas não queira que fique cá, com uma família para criar, com despesas para pagar, a receber 10% do que receberia em qualquer país desenvolvido. Não queira que os portugueses se esforcem a estudar quando qualquer membro do governo pode, habilmente, conseguir de forma alegadamente “incorreta” um curso superior. Não mantenha nas escolas gente até ao 12º ano, contra a vontade, só porque… SIM, só porque queremos dizer ao mundo que temos qualificações. Com isso faz com que os jovens se mantenham nas escolas contrariados e os pais encarem esta nobre instituição como um ATL e como uma forma de não perderem o abono dos filhos. A minha consciência política formou-se lendo muito, trabalhando muito na minha freguesia, no meu concelho, no meu Distrito, e conhecendo Portugal ao longo de 10 anos através de centenas de espetáculos onde contactei com o País real (não aquele que conhecem quando estão em visitas oficiais); o outro, o do Povo. Sou Social Democrata. Tenho responsabilidades políticas! A bem do País, crente, votei em Passos Coelho; só com o PSD poderíamos inverter o que o PS fez ao País. Sim, este PS que agora surge como se tivesse sido um partido recém criado, afastado de Portugal nos últimos 30 anos, que assobia para o lado e que manda "postas de pescada cá para fora" tentando encobrir o descalabro que também provocou ao país. No entanto, não votei em Passos Coelho para líder do PSD. Não que não acreditasse nele, mas nunca acreditei naqueles que o rodeiam. Nunca gostei de Miguel Relvas, Ângelo Correia… Por isso, votei Aguiar Branco. Na altura disseram-me: “mas então vais perder!”. Nessa altura lembrei-me de uma frase que aprendi com Luís Marques Mendes “não importa que se perca. Não devemos ganhar a qualquer custo”. O tempo veio provar que estive certo na escolha que fiz para a liderança do PSD. Hoje, no entanto, acredito que não acertei na escolha para Primeiro Ministro. Ao contrário de muitos daqueles que o rodeiam estou a ser verdadeiro e frontal naquilo que escrevo sobre ele e sobre o meu partido. Quero que saibam o que pensa genuinamente um militante de base do PSD, que sofre tanto quanto aqueles que não têm qualquer filiação partidária. Confesso que senti um desânimo tão grande e uma tão profunda tristeza que por um fio não dexei de ser militante deste partido. Mas como referiu o meu amigo Ricardo Morte ("esquerdista" inconformado, dos 7 costados), se não houver pessoas, não há partidos, e se aqueles que acreditam numa determinada ideologia deixam o seu partido por causa daqueles que temporariamente exercem lá o poder, estão a enfraquecê-lo ainda mais. Cá estarei, mantendo as costas direitas, erguido, desiludido com esta gente, mas cumprindo o meu papel. Tentarei sempre ter perto de mim os aspectos que acima mencionei, as pedras basilares em que assenta a social democracia, estando sempre ao serviço do povo, trabalhando apenas e só para o povo. Enquanto cá estiver, serei arrojado, correto, dinâmico, crente na social-democracia de Sá Carneiro e Balsemão e com o espirito de que, como em tudo na minha vida, “vale mais a lágrima de não ter vencido, que a vergonha de não ter tentado”. Viva o partido que um dia hei-de ver recuperado, mas VIVA ACIMA DE TUDO, PORTUGAL E OS PORTUGUESES.